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sexta-feira, setembro 22, 2006
LUCANO
Ele não era judeu.
Não conheceu pessoalmente Jesus.
Filho de um erudito escravo grego, de nome Enéias, que servia em casa de um tribuno romano, depois nomeado governador de Antioquia, na Síria, de nome Diodoro Cirino. Sua mãe chamava-se Íris e dizia-se ser extremamente bela.
Lucano, ou Lucianus (em latim) nasceu em Antioquia e estudou Medicina na Escola de Alexandria.
Conheceu o Apóstolo Paulo, nessa mesma cidade, e se tornou seu amigo fiel, médico dedicado e companheiro de muitas andanças.
Estando em Trôade, com Silas e Timóteo, Paulo de Tarso tem a grata alegria de reencontrá-lo, numa casa de comércio, a fazer compras. Lucas (como o conhecemos) fala ao amigo que há dois anos, trabalha em uma embarcação que se encontra a caminho da Samotrácia.
Ao saber do projeto de viagem de Paulo à Macedônia e da inexistência de recursos para o custeio do percurso, Lucano se dispõe a pagar todas as despesas. Não é rico, mas tem proventos.
Como sua mãe já houvesse partido para a esfera espiritual, o Apóstolo dos gentios o convida a se dedicar inteiramente ao trabalho do Mestre Jesus. No dia seguinte, ele já estava participando da equipe de Paulo. Licenciou-se, por um ano, dos serviços médicos no navio, apresentando um substituto, para conseguir seu intento.
De forma intermitente, embora, Lucas segue o amigo. Em Jerusalém, quando o ex-rabino está sendo apedrejado, ele não hesita em comparecer perante as autoridades romanas, solicitando-lhes a interferência e, assim, impedindo o suplício. Nos anos finais de Paulo, lhe constitui o esteio moral e físico, vivendo ambos sob o terror implantado por Tigelino, ao tempo do Imperador Nero, em Roma.
Foi ele, Lucas, quem sugeriu o nome de cristãos aos primeiros trabalhadores da Boa Nova, que eram conhecidos, até então, como viajores, peregrinos, caminhantes, "homens do caminho".
Em Cesaréia, no cativeiro, o ex-doutor de Jerusalém chama a atenção de Lucas para o seu próprio projeto de escrever uma biografia de Jesus, valendo-se das informações de Maria, Sua mãe. Na impossibilidade de ir a Éfeso, roga a ele que o faça. "O médico amigo satisfez-lhe integralmente o desejo, legando à posteridade o precioso relato da vida do Mestre, rico de luzes e esperanças divinas."(06)
Como era costume nos círculos literários da época, dedicar o trabalho a um amigo ou patrono, ele o dedica a Theophilus, chamando-o Excelentíssimo Teófilo. O nome era comum entre os judeus e não judeus de fala grega, e significa "amigo de Deus".
Lucas fez o trabalho de um verdadeiro repórter, entrevistando testemunhas oculares dos ditos e feitos do Galileu. Todos os Evangelhos falam da negação de Pedro, mas somente Lucas comenta que Jesus, naquele momento, voltou-se para ele e o olhou fixamente.(Lc. 22:61) Detalhe que ele colheu, pessoalmente, do velho pescador.
"(...) Como médico, tinha interesse incomum por retratar assuntos da medicina. Deu muita atenção para os acontecimentos relevantes ao nascimento de Cristo. Investigou Isabel e Maria, por isso foi o único que descreveu seus cânticos, bem como os pensamentos íntimos de Maria.(...) era um investigador minucioso, que captou particularidades de Cristo. Percebeu que até seu olhar tinha grande significado intelectual."(01)
O Evangelho que escreveu, em grego correto, bonito e cheio de vocábulos, em 24 capítulos e 1.151 versículos, contempla, além da história de Jesus criança, dezoito parábolas e seis dos chamados milagres do filho de Maria e José.
Percebe-se sua preocupação em destacar o carinho de Jesus para com os excluídos da época: doentes, pobres, mulheres e pecadores.
Ele é o único que descreve o perdão de Jesus a Madalena (Lc. 7:47-48); a parábola da ovelha desgarrada (Lc. 15:3-7), do bom samaritano (Lc. 10:25-37), do filho pródigo (Lc. 15:11-32).
"Um dos aspectos mais interessantes de Lucas é que freqüentemente fazia a justaposição de uma história de um homem com a de uma mulher. Por exemplo, a cura do demoníaco (Lc. 4:31-37) é seguida da cura da sogra de Pedro ([Lc.]4:38-39), o escravo do centurião é curado([Lc.]7:1-10), o filho da viúva de Naim é curado[Lc.4:11-15], o geraseno demoníaco é curado ([Lc.]8:26-39) seguido pela cura da filha de Jairus e da mulher com hemorragia ([Lc.]8:40-56)."(08)
"(...) Terminadas as anotações evangélicas, o espírito dinâmico do Apóstolo da gentilidade encareceu a necessidade de um trabalho que fixasse as atividades apostólicas logo após a partida do Cristo, para que o mundo conhecesse as gloriosas revelações do Pentecoste, e assim se originou o magnífico relatório de Lucas, que é – Atos dos Apóstolos"(06), contendo 28 capítulos.
Cada um dos seus escritos dava, aproximadamente, para preencher um rolo de papiro.
Considerado patrono dos médicos e dos pintores, nas Artes é "tradicionalmente associado à figura de um touro, umas das quatro criaturas (homem, leão, touro e águia) que cantam junto ao trono de Deus no Apocalipse 4,6-9, e que é interpretado como uma alegoria dos quatro evangelistas.(...)"(04)
Após a morte de Paulo, pregou na Grécia e desencarnou aos 84 anos de idade.
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